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CPT e organizações sociais acusam Vale por lançar rejeitos de barragem em cava da mina do Córrego do Feijão
CPT e organizações sociais acusam Vale por lançar rejeitos de barragem em cava da mina do Córrego do Feijão
Material depositado em cava pode contaminar aquífero e comprometer abastecimento de população da região.
Há 3 anos - por Redação
Entidades e organizações sociais, entre elas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), de Minas Gerais, divulgaram uma Nota Pública denunciando o uso que a empresa Vale tem feito da cava da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, para dar “destino final” ao rejeito do rompimento da barragem B1, B IV e B IVA.
Dados publicados pela própria empresa indicam que já foram depositados 206 mil metros cúbicos de rejeitos na cava. A ação teria acontecido sistematicamente durante vários meses de 2020, sendo interrompida no final do ano, em razão de um interdito da Agência Nacional de Mineração (ANM), mas retomada em setembro passado.
"Segundo o Plano de Manejo do Rejeito, apresentado pela Vale, essa ação é acompanhada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (SEMAD) e em dezembro de 2019, a SUPPRI (Superintendência de Projetos Prioritários)-SEMAD concedeu, numa canetada de Rodrigo Ribas, uma licença ambiental simplificada para tal ação. Entretanto, não identificamos nenhuma autorização por parte da ANM para que a Vale retome tal atividade. Também não sabemos se o MP (Ministério Público) está acompanhando esse processo", diz a nota.
As entidades também apontam que comunidades que vivem na região não têm acesso a informações sobre o processo, tampouco têm participado das decisões.
"Com a profundidade da cava, a mina do Córrego do Feijão já encontrou o aquífero confinado, ou seja, as águas subterrâneas. As águas superficiais e subterrâneas formam uma rede de “comunicação”. As águas das nascentes, poços artesianos, riachos: todas estão conectadas. A lama jogada na cava poderá contaminar as águas subterrâneas, como por exemplo os poços artesianos. O aquífero Cauê tem fundamental importância para a região metropolitana de Belo Horizonte. Jogar a lama tóxica é um atestado de morte às águas da região. É criar uma condição de risco eminente e duradoura", explica o texto.
Como não existem estudos conclusivos a respeito dos rejeitos, ainda não há dimensão exata dos danos que podem causar ao meio ambiente e à população. Segundo as organizações, a solução encontrada pela Vale para descarte do material é a de menor custo.
"A Vale realizou estudos sobre a hidrogeologia da região, já fez análises de água, mas estas informações não são publicadas. Além dos recursos destes estudos, possivelmente serem descontados do valor do acordão, os dados são usados de forma estratégica pela Vale que não informa a comunidade atingida. Ainda, a empresa dificulta o monitoramento de pontos dentro de áreas controladas pela Vale".
A cava está a aproximadamente 3 km das comunidades de Tejuco e Córrego do Feijão e a 2,8 km de comunidades do município de Mario Campos, dentre outras moradias rurais. A proximidade coloca em risco o abastecimento de água de boa parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, como também a agricultura desenvolvida no entorno.
Assinam a carta a Comissão da Água dos Moradores do Tejuco, Fórum de Atingidas e Atingidos pelo crime da Vale em Brumadinho, Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEFES, Movimento Serra Sempre Viva, Movimento Águas e Serras de Casa Branca, Movimento pela Soberania Popular na Mineração - MAM, Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais CPT MG, Cáritas Regional Minas Gerais e a Rede Igrejas e Mineração Minas Gerais.
A íntegra da carta está no site da CPT.
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