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CNBB entrega carta à Alesp contra declarações de deputado

Parlamentar chamou bispos e Papa Francisco de "vagabundos", durante sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo, na última quinta-feira (14).

Há 3 anos - por Cléo Nascimento
Dom Pedro Luiz Stringhini entrega Carta a presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Carlão Pignatari
Dom Pedro Luiz Stringhini entrega Carta a presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Carlão Pignatari (foto por Alesp)
O presidente do regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Pedro Luiz Stringhini, entregou, na tarde desta segunda-feira (18), ao Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Deputado Estadual Carlão Pignatari, uma carta de repúdio às declarações do também deputado Frederico D'Avila, dirigidas à CNBB e ao Papa Francisco.
 
Na abertura da Sessão Plenária da casa, Pignatari fez um pedido de desculpas à Igreja Católica, afirmando que as palavras do parlamentar "não representam a opinião da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo".
 
"A palavra não é arma para destruição. Ela é um dom. É construção. Todo deputado estadual tem o dever de representar o povo, ouvir as pessoas e fazer valer seu compromisso com São Paulo. Mas vir à tribuna, lugar mais importante desta assembleia, para proferir ofensas é algo que não pode ser aceito. Em nome do parlamento paulista, é nosso dever o reestabelecimento do respeito, antes de tudo, à democracia", disse o presidente da Alesp.
 
Frederico D'Ávila também apresentou um pedido de desculpas pelos "excessos cometidos" na última quinta-feira(14). O parlamentar alegou estar "inflamado por problemas havidos nos dias anteriores". Citou uma tentativa de assalto sofrida por ele e sua família e a "depredação" de prédios da Aprosoja, entidade da qual foi vice-presidente.
 

"Pátria armada"

 
O ataque de D'Ávila à Igreja Católica foi dirigido ao arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Em homilia, durante missa em honra a Nossa Senhora Aparecida, na terça-feira (12), Dom Orlando falou sobre as vítimas da Covid-19, reforçou a importância de uma sociedade mais fraterna e pontuou que ''para ser pátria amada não pode ser pátria armada'', frase que gerou polêmicas entre defensores do armamento.
 
Em resposta ao deputado, a presidência da CNBB divulgou uma carta aberta e um vídeo de Dom Walmor Oliveira, arcebispo de Belo Horizonte, onde afirma que os bispos e o Papa Francisco foram "covardemente atacados".
 
"A CNBB levanta a sua voz na esperança de que providências rápidas e urgentes contribuam para livrar a sociedade dos que investem em atitudes covardes", disse o presidente da entidade.
 
Segundo Dom Walmor, a CNBB já acionou seus representantes legais para que o deputado responda judicialmente pelas declarações: "Esperamos que as infelizes declarações levem às devidas penas previstas em lei".
 
Confira a íntegra da carta aberta da CNBB, entregue à Alesp:
 

CARTA ABERTA

 
Exmo. Sr.
Deputado Estadual Carlão Pignatari
Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
 
Cidadãos e cidadãs brasileiros
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, nesta casa legislativa e diante do Povo Brasileiro, rejeita fortemente as abomináveis agressões proferidas pelo deputado estadual Frederico D’Avila, no último dia 14 de outubro, da Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes.
 
Ao longo de toda a sua história de 69 anos, celebrada no dia em que ocorreu este deplorável fato, a CNBB jamais se acovardou diante das mais difíceis situações, sempre cumpriu sua missão merecedora de respeito pela relevância religiosa, moral e social na sociedade brasileira. Também jamais compactuou com atitudes violentas de quem quer que seja. Nunca se deixou intimidar. Agora, diante de um discurso medíocre e odioso, carente de lucidez, modelo de postura política abominável que precisa ser extirpada e judicialmente corrigida pelo bem da democracia brasileira, a CNBB, mais uma vez, levanta sua voz.
 
A CNBB se ancora, profeticamente, sem medo de perseguições, no seguinte princípio: a Igreja reivindica sempre a liberdade a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76).
 
Defensora e comprometida com o Estado Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade – sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada.
 
A CNBB, prontamente, comprometida com a verdade e o bem do povo de Deus, a quem serve, tratará esse assunto grave nos parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo parlamentar – protagonista desse lastimável espetáculo – serão objeto de sua interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que salvaguardam a verdade e o bem – de modo exigente nos termos da Lei.
 
Nesta oportunidade, registramos e reafirmamos o nosso incondicional respeito e o nosso afeto ao Santo Padre, o Papa Francisco, bem como a solidariedade a todos os bispos do Brasil. A CNBB aguarda uma resposta rápida de Vossa Excelência – postura exemplar e inspiradora para todas as casas legislativas, instâncias judiciárias e demais segmentos para que a sociedade brasileira não seja sacrificada e nem prisioneira de mentes medíocres.Em Cristo Jesus, “Caminho, Verdade e Vida”, fraternalmente,
 
Brasília-DF, 16 de outubro de 2021
 
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente
 
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente
 
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente
 
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral

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