Cookies e Política de Privacidade
A SIGNIS Agência de Notícias utiliza cookies para personalizar conteúdos e melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ir. Helena Corazza: Doutrina Social da Igreja deve ser o elemento principal do jornalismo cristão e católico

Religiosa paulina conversou com os jornalistas Cleber Moleta e Jorge Telles, na edição especial do Jornal Brasil Hoje sobre Pe. Jesus Flores, que morreu em 11 de setembro.

Há 3 anos - por Cléo Nascimento com Jornal Brasil Hoje
Ir. Helena Corazza em participação na TV Pai Eterno
Ir. Helena Corazza em participação na TV Pai Eterno (foto por Reprodução - TV Pai Eterno)
No ar desde 1994, o Jornal Brasil Hoje, da Rede Católica de Rádio (RCR) deve muito da sua existência à persistência do Pe. Jesus Flores por promover um noticiário para além do espaço eclesial. Missionário redentorista, ele faleceu no dia 11 de setembro, deixando uma tarefa a ser continuada: mostrar a realidade "pelo olhar dos pequenos".
Ir. Helena Corazza, religiosa paulina, jornalista e doutora em comunicação, participou ao lado dele da fundação da RCR e acompanhou um pouco da sua trajetória no jornalismo. Trazemos aqui seu relato sobre as lições deixadas por Pe. Jesus Flores, concedido em uma entrevista para o Jornal Brasil Hoje (edição de 13/09), apresentado pelos jornalistas Cleber Moleta e Jorge Teles .
 
 
A senhora trabalhou com o Pe. Jesus Flores na fundação da Rede Católica de Rádio e presenciou o início do Jornal Brasil Hoje. Como o pensamento e atuação dele contribuiu para a construção deste programa?
 
Nós estivemos juntos em todo o processo de criação da Rede Católica de Rádio e a principal produção neste começo foi um jornal. A grande preocupação era justamente ter um jornalismo aberto, combativo, ético. E foi a marca do Pe. Jesus Flores. O Jornal Brasil Hoje foi idealizado por um grupo; entre os participantes estava, por exemplo, a Rádio Aparecida e também lideranças da União de Radiodifusão Católica, mas certamente o timbre do jornal foi do Pe. Jesus Flores que, já no início, em Goiânia, foi um dos editorialistas. Ele tinha muito forte a marca de falar das realidades a partir de critérios da dignidade humana e de uma visão cristã desta realidade. Eram pautados assuntos de política, economia, educação, moradia, temáticas que iam além do contexto religioso e clerical. A Igreja era notícia e se fazia escutar na defesa dos valores humanos e cristãos.
 
Podemos dizer que o Pe. Jesus Flores abriu portas para um novo jeito de fazer jornalismo pelos meios de comunicação católicos?
 
Eu penso que ele consolidou um modo de pensar o jornalismo católico. Ainda tem quem pense que fazer jornalismo católico é somente falar da questão da Igreja no seu interno. No início da década de 1990, quando a RCR foi criada, nós tínhamos esse pensamento na radiodifusão católica e ainda existe quem pense dessa maneira. Mas, o Pe. Jesus consolidou um jornalismo para além da sacristia, que dialoga com os problemas da sociedade, que não tem medo de mostrar onde está a verdade e por onde caminham os fatos. Então, vejo que a pessoa dele marcou e nos marca ainda. Vamos pedir a Deus que surjam outros profetas, outros jornalistas com esta visão, porque a tendência é um jornalismo interno, que não aborda problemas sociais. E a Doutrina Social da Igreja é o elemento principal do jornalismo cristão e católico.
 
Fale-nos um pouco mais sobre a personalidade do Pe. Jesus Flores e como esta influenciou o trabalho dele como comunicador?
 
Eu conheci o Pe. Jesus Flores em 1992, numa Assembleia da União de Radiodifusão Católica. Me recordo claramente da sua franqueza. Depois, ao fazer uma entrevista para a Revista da Rede Católica de Rádio, eu compreendi como ele era tocado pela realidade da injustiça, mas pelo olhar dos "pequenos" e isso o acompanhou até os seus últimos editoriais. Ele não tinha medo de ir ao encontro da defesa destes pequenos, dessas pessoas desfavorecidas. Eu lembro que, quando eu ainda era presidente da RCR, nós tínhamos também pedidos de direito de resposta de autoridades, justamente porque ele batia, e batia firme. Então, ele colocou seu talento à disposição.
 
Era uma pessoa muito admirada por essa coragem, inclusive por profissionais da área de comunicação.
 
É verdade. Em uma viagem que fizemos a Belém (PA), eu percebi isso na alegria, quase que lavando a alma, dos radialistas de algumas emissoras da Rede Nazaré, porque ele tinha coragem de dizer aquilo que muitos gostariam e não tinham coragem. Então, é por isso que ele era sempre muito admirado e temido por muitas pessoas, porque sua boca anunciava e denunciava à realidade. Eu tenho uma grande admiração por ele. Então, eu vejo que, de fato foi uma pessoa admirada por nós da Igreja, mas também por pessoa de fora desse ambiente, inclusive de outros segmentos. É uma grande perda. Deus tem seus caminhos, mas ele morreu defendendo o direito de todos os cidadãos e denunciando toda essa situação dos mais de 580 mil mortos pela Covid-19. E, por ironia do destino, ele também foi uma vítima dessa pandemia.

Comentários

  • Esta notícia ainda não tem comentários. Seja o primeiro!