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Jorge Teles: aqueles que 'não têm voz' esperam que nossas emissoras sejam proféticas

Entrevista da Semana

Há 3 anos - por Cléo Nascimento
Jorge Teles: aqueles que \'não têm voz\' esperam que nossas emissoras sejam proféticas
O brasileiro está ouvindo mais rádio! É o que diz uma recente pesquisa da Kantar /Ibope, a Inside Rádio, que analisou 13 regiões metropolitanas do país e apontou 80% de audiência do meio em 2021, dois pontos a mais que o ano passado.
A boa notícia também agrada as emissoras de inspiração católica que, além de oferecer entretenimento e informação, estão comprometidas com a missão da Igreja, por meio da evangelização.
Na semana em que comemoramos o Dia do Rádio (25 de setembro), trazemos uma entrevista com o diretor da Central Cultura de Guarapuava, o jornalista Jorge Teles, membro da diretoria executiva da Rede Católica de Rádio (RCR).
Nesta conversa, ele fala de história, dos desafios das emissoras em tempos de pandemia e sobre os preparativos para o primeiro censo do Rádio Católico no Brasil.
 
 
Sabemos que a RCR teve um protagonismo na década de 1990 ao reunir as emissoras de inspiração católica e comercialmente representá-las, formando uma rede de transmissões via satélite. Atualmente, como a Rede Católica tem trabalhado com esses veículos?
 
Os tempos são outros. Antes da popularização da internet, havia dificuldade em, por exemplo, uma emissora fora de um grande centro ter acesso imediato às informações de âmbito nacional, internacional e até mesmo regional. Nesse sentido, avalio que o jornalismo da rede era o maior agregador. A RCR proporcionava esse acesso às informações, tanto da Igreja como das demais. Comercialmente, um representante da RCR junto às agências e órgãos governamentais tanto em Brasília quanto nos principais centros foi, sem dúvida alguma, outro fator que facilitou a comercialização dos espaços comerciais nos veículos católicos.
Hoje, a RCR se mantém forte nesses dois campos: tanto no jornalismo, com o Jornal Brasil Hoje, os Boletins RCR e as notícias no seu portal; e também comercialmente com a Media Opportunities BR como uma representante de negócios para as emissoras católicas. A grande diferença atualmente está no ambiente virtual, na internet, que proporcionou outras possibilidades às emissoras, como ter mais acesso às informações e conquistarem mais visibilidade comercial.
 
E quais são os desafios atuais?
 
Penso que o principal desafio é a sinodalidade. Como na Igreja, acredito que as emissoras devem buscar um caminho comum e sempre em consonância com o Papa Francisco, com a CNBB, com as Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil. Também não podemos esquecer que aqueles que “não têm voz” esperam que nossas emissoras sejam proféticas. Há muitas causas que não podemos deixar de lado como o meio-ambiente, os indígenas, a valorização da vida.
Somos muitas emissoras, difícil precisar quantas, com credibilidade e aceitação perante a opinião pública, mas temos que “alinhar nosso discurso”, falar ordenadamente, e no meu ponto de vista o Jornal Brasil Hoje (JBH) ainda é o nosso carro-chefe. No entanto, precisamos da adesão de mais emissoras que retransmitam e que também estejam dispostas a colaborar na construção do jornal. É um jornal nacional e poderemos, através dele, estar falando a milhões de pessoas, num mesmo horário.
O ambiente da internet e sua quantidade infinita de conteúdo tanto musical quanto de informações e outras formas de entretenimento, como também a facilidade de contato entre as pessoas afeta a audiência do rádio. Precisamos encontrar formas, cada vez mais criativas, de ocupar também essa plataforma.
Outro desafio está na incerteza econômica que se agravou com a pandemia. Isso causou uma “fuga” de anunciantes e tornou mais difícil a manutenção das rádios. É necessário repensar a gestão, usar de parcimônia na administração e mostrar aos anunciantes o lado positivo da pandemia para o rádio, que foi o aumento na audiência.
 
No próximo sábado (25) celebramos o dia do Rádio, uma homenagem ao nascimento de Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Além disso, estamos entrando nas comemorações do centenário da primeira transmissão no país, que aconteceu em 7 de setembro de 1922. Como a RCR participa desse momento do rádio no Brasil?
 
A atual gestão da RCR, iniciada no final de 2019, também foi afetada pela pandemia. A programação que imaginávamos executar ficou muito restrita. Mas para o centenário da radiodifusão estamos trabalhando numa programação que, imaginamos, venha suprir os desafios que mencionei e também valorizar o rádio católico no Brasil
 
Você que é diretor de uma rádio e membro da diretoria executiva da Rede Católica, como avalia a presença do rádio de inspiração religiosa no Brasil?
 
Num contexto em que muitas empresas de comunicação vislumbram somente o lucro, buscam a audiência a qualquer custo e algumas somente projeção político partidária, penso que o rádio católico faz a diferença quando se posiciona a favor da vida, da verdade, da ética, quando se mantém firme em suas convicções.
 
Daqui pra frente quais são os principais projetos da RCR?
 
Temos como principal projeto o Censo das Rádios Católicas do Brasil pelo qual pretendemos ter um diagnóstico de quantos somos, onde estamos, o que fazemos. O censo trará dados para atuarmos com mais intensidade no jornalismo. Por exemplo: se necessitarmos de uma informação de algum lugar do Brasil onde haja uma emissora católica, se tivermos esses dados será mais fácil. Poderemos obter essa informação sob a ótica de uma rádio nossa. Os dados ajudarão também comercialmente pois saberemos da presença, ou não, de emissoras católicas em determinados pontos do país. O censo também nos ajudará na aproximação com as emissoras. Saberemos quem e a forma de contatar. Com os contatos poderemos saber das necessidades, dos problemas e das coisas boas vividas pelas emissoras. Penso que com tudo isso poderemos nos ajudar mutuamente, e termos a possibilidade de caminhar em comunhão.

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