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Sínodo da Arquidiocese de Belém segue mobilizando comunidade da Igreja local

O bispo auxiliar da capital do Pará, Dom Antônio de Assis Ribeiro, conta como tem sido essa experiência cujos primeiros frutos já começam a surgir

Há 2 anos - por Luís Henrique Marques
Dom Antônio de Assis: receptividade positiva ao Sínodo em Belém do Pará
Dom Antônio de Assis: receptividade positiva ao Sínodo em Belém do Pará (foto por Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de Belém)

O Sínodo sobre Sinodalidade já está mobilizando arquidioceses, dioceses, paróquias, comunidades, movimentos e outras expressões da Igreja em busca de trilhar um caminho de testemunho de unidade e, ao mesmo tempo, de ação missionária, tendo em vista acolher, sobretudo, aqueles que se encontram nas chamadas "periferias existenciais". Essa tem sido a experiência realizada pela Arquidiocese de Belém a qual apresentamos a seguir, por meio de entrevista concedida por um dos seus bispos auxiliares, Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB, responsável direto pela condução dos trabalhos do Sinodo naquela Igreja Particular. Confira:

Como a Arquidiocese de Belém se organizou para dar início ao sínodo? Em que momento ela se encontra e quais os passos seguintes?

O primeiro passo do processo de organização do Sínodo Arquidiocesano foi a constituição de uma comissão. Essa comissão liderada por mim, Dom Antônio de Assis, organizou o cronograma do caminho sinodal, sendo constituído por diversas atividades, tais como, assembleias paroquiais, assembleias das regiões episcopais e retiros espirituais, seja nas paróquias quanto nas regiões episcopais. Essas assembleias, em dois níveis diferentes, tiveram como objetivo analisar a realidade eclesial da Arquidiocese de Belém em confronto com magistério do Papa Francisco e outros desafios da realidade atual. O material recolhido dessas assembleias vai servir para elaborar o instrumento de trabalho das assembleias específicas, a saber: assembleia das pastorais e movimentos, assembleia das novas comunidades, assembleia da vida religiosa, assembleia da juventude, assembleia dos diáconos e assembleia dos presbíteros. Ainda faremos um processo de escuta de algumas organizações não governamentais para saber o que pensam da Igreja Católica; o parecer dessas instituições é muito importante para que sejamos mais fiéis ao dinamismo e promoção do Reino de Deus em diálogo com outras instituições que estão a serviço de causas humanitárias.

 

Como o Sr. avalia a receptividade dos fiéis à proposta do sínodo até o momento?

A receptividade da proposta do Sínodo foi muito positiva. Há muita inquietude nas nossas comunidades e nas lideranças pastorais, por isso, é necessário que criemos espaços de reflexão e discernimento sobre o dinamismo da missão da Igreja no mundo de hoje. De modo geral, nosso povo acolhe com muita simpatia o perfil e acessibilidade do Papa Francisco, mas isso deve se tornar realidade nas nossas comunidades e paróquias.

 

O sínodo é em si mesmo uma experiência de sinodalidade. O que o Sr. julga necessário para que o Povo de Deus na Arquidiocese de Belém avance no "caminhar juntos"? E o que, por outro lado, o Sr. considera como aspectos positivos da caminhada da Arquidiocese realizada até aqui que podem favorecer essa experiência sinodal?

É necessário cada vez mais que cresça a consciência de que os leigos são sujeitos eclesiais e que têm voz e vez no interior da Igreja, somos Igreja! Não queremos uma igreja clericalista! O clero, sozinho, não forma a Igreja!  A Igreja é a comunidade dos batizados, discípulos de Jesus Cristo, unidos pela mesma Fé na diversidade de vocações, carismas e ministérios. Os leigos sofrem profundamente quando o padre assume uma postura prepotente, como herói solitário, e não leva em conta a riqueza dos recursos, vocação nem a sensibilidade dos leigos. Onde há mais consciência vocacional, corresponsabilidade e participação dos leigos, lá certamente há menos erro por parte dos sacerdotes. O aspecto mais positivo dessa caminhada é o crescimento na consciência de dever e corresponsabilidade dos leigos na missão da Igreja.

 

Reunião de relançamento do Sínodo sobre Sinodalidade na Arqudiocese de Belém, em 2022 (Foto: Assessoria de Imprensa/Arquidiocese de Belém)

 

Existem dificuldades históricas na vida da Igreja que têm dificultado esse caminho sinodal. Uma dessas dificuldades é uma mentalidade e uma postura típicas do clericalismo à qual podem estar sujeitos tanto o clero quanto os leigos em geral e que dificultam o diálogo e partilha honesta, entre outras consequências negativas. Como superar isso e não cair na armadilha de apenas "parecer promover o diálogo e a partilha" ao longo desse sínodo? Como não cair na tentação de fazer do sínodo apenas uma atividade burocrática?

A mentalidade clericalista deve ser vencida, não a partir da pressão dos leigos, mas como consequência de um processo de formação permanente do clero e dos leigos. O mal do clericalismo acusa uma tríplice deficiência formativa: sobre a identidade da Igreja, sobre a missão dos sacerdócio ministerial e sobre a consciência da vocação e missão dos leigos na Igreja. Por isso, o sínodo deve ser um caminho de formação, de promoção da consciência vocacional de todos os sujeitos eclesiais e, dessa forma, não deverá ser reduzido a uma atividade burocrática, muito pelo contrário, queremos juntos, crescer na nossa da identidade e missão da Igreja. A missão da Igreja é comunitária; Jesus enviou seus discípulos dois a dois; nos Atos dos Apóstolos, como também nas cartas de São Paulo, nós vamos encontrar um grande protagonismo dos leigos. Isso é inspirador para Igreja em todos os tempos.

 

Desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco tem conclamado aos fiéis a uma ser uma Igreja em saída, tendo em vista as periferias existenciais. O Sr tem expectativas específicas para a Arquidiocese de Belém nesse sentido a partir da partilha que poderá surgir com o sínodo? Quais? Tem outras expectativas específicas?

Há uma íntima relação entre sinodalidade e missionariedade. A sinodalidade é uma exigência da missionariedade. Onde não há senso de comunhão na promoção da missão da Igreja, há confusão, conflitos e dispersão. Juntos, em sinergia, em comunhão, devemos promover o Reino de Deus. Portanto, a sinodalidade é uma exigência do dinamismo do Reino de Deus. Uma das grandes expectativas que temos é que com o reforço da sinodalidade na Arquidiocese de Belém, crença também a paixão missionária trazendo novo vigor para as pastorais, grupos, comunidades e paróquias. A autêntica sinodalidade tem uma profunda dimensão missionária.

 

O que é Arquidiocese de Belém tem feito para crescer na experiência de Igreja em saída?

Arquidiocese de Belém tem um plano pastoral e este, tem comum principal prioridade, a promoção da missionariedade, ser Igreja em saída. Com o advento da pandemia e já estamos no terceiro ano, essa experiência missionária foi profundamente desafiada porque fomos convidados ao distanciamento social, e a ficar mais em casa. Todavia, apesar das grandes dificuldades a Arquidiocese não parou!  Um dos exemplos concretos dessa experiência de saída, foi a continuação da instalação de novas áreas missionárias nas periferias. Temos atualmente 8 Áreas Missionárias já instaladas e 4 em processo de estudo. Várias delas foram criadas neste tempo de pandemia. Estamos agora no processo de revitalização de algumas pastorais, como por exemplo, a pastoral da pessoa idosa, a pastoral da criança, pastoral dos enfermos, a pastoral carcerária, pastoral da saúde, a pastoral juvenil...

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