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Uma comunicação fundamentada no amor que cria vínculos

MUTICOM 2021 - O professor Norval Baitello Jr. propõe assumir a consciência do cuidado para com o outro como experiência comunicativa capaz de fazer do mundo um ecossistema que abriga a todos

Há 3 anos - por Luís Henrique Marques
Professor Norval Baitello Jr.: devemos cuidar uns dos outros e não delegar isso ao mercado
Professor Norval Baitello Jr.: devemos cuidar uns dos outros e não delegar isso ao mercado (foto por Agência SIGNIS)

               Com uma fala clara, pausada e solene, o professor Norval Baitello Jr defendeu uma comunicação baseada no cuidado amoroso que cria vínculos e favorece um ecossistema capaz de abrigar e unir efetivamente todas as pessoas. Essa é uma das ideias centrais da conferência que o docente e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) apresentou durante a programação deste ano do Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom). “Retomar as rédeas do mundo: o humano-cristão nos novos ecossistemas à luz da Fratelli Tutti” foi o título da conferência. Para conduzir sua exposição, o professor Norval se fundamentou em 5 perguntas: o que é “amor”?;  o que é “irmão”?; o que é “cuidar”?; o que significa “todos”, e o que quer dizer “retomar as rédeas”?

               Segundo a carta encíclica Fratelli Tutti, o amor autêntico une, por isso, é capaz de criar vínculos, assim como precisa ser expresso no cuidado, seja pelo outro, pela família, pelos amigos, pelo trabalho, pela natureza, pela vida enfim. Esse amor está sujeito a um desenvolvimento natural: começa nos vínculos maternal e filial e, mediante o processo de sociabilidade, deve evoluir para o vínculo com o semelhante em geral. Nesse nível é o que o ser humano aprende o que é alteridade, afirmou o professor Baitello Jr. Ele reconhece, no entanto, que o desenvolvimento da alteridade não é tarefa fácil e implica aprender a dividir, tolerar, amparar e gerar reciprocidade. “Sem o outro, não há o eu”.

               Sobre o cuidar, o professor argumentou que é preciso ser uma ação concreta e coletiva, de movimento em favor do outro, além de implicar meta, desejo e projeção. “Cuidar não é largar, mas conduzir; não é entregar o outro ao mercado”, afirmou Baitello Jr. E ele foi além: cuidar é promover o diálogo, trabalhar em favor da autonomia da pessoa, do equilíbrio nas relações e na prevenção contra os males. 

 

..."retomar as rédeas" significa tomar consciência de que o amor une (porque é vínculo) e, por cuidar, cria alteridade...

 

               Nesse ponto de sua conferência, o professor Norval se deteve na questão “quem são todos”. Novamente em convergência com o pensamento do papa Francisco, o docente apontou para o fato de que esse aspecto corresponde especialmente à exigência de não se excluir ninguém, especialmente os mais vulneráveis, relegados às periferias marginais. Isso significa, em outras palavras, combater a fome e a pobreza. Essa inclusão vai além, isto é, compreende também o respeito a todos os seres vivos.

 

"Retomar as rédeas"

 

               O professor Norval fez uma advertência: “embora conectados, não somos um ecossistema que abriga a todos”. Isso quer dizer que o nosso mundo ainda não oferece uma casa. Nesse sentido, ele argumentou que o mundo das conexões não é automaticamente um mundo da comunicação. Ao contrário, “nosso mundo é invasivo e invasor”, uma vez que “o furacão da mídia” tornou “nossos domicílios inabitáveis”, sentenciou o docente. Para ele, esse quadro se agrava ainda mais se considerarmos que “os mundos virtuais são programados por poucos para o seu próprio benefício”.

               Ao concluir, Baitello Jr. respondeu à última questão que ele mesmo se propôs no início de sua conferência, isto é, o que significa dizer “retomar as rédeas”? Ele retoma sua argumentação apresentada até então: "retomar as rédeas" significa tomar consciência de que o amor une (porque é vínculo) e, por cuidar, cria alteridade; de que o outro é irmão e deve ser cuidado, assim como a casa comum que abriga a todos. E que, portanto, nosso mundo precisa ser construído pela união de todos os seres humanos e não pelo mercado.

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