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6ª Semana Social Brasileira rumo a um Projeto Popular para o Brasil

Equipe executiva e multiplicadores se reúnem para avaliação e traçar novos horizontes no processo do evento

Há 3 anos - por Osnilda Lima
Aspecto da reunião online das lideranças da SSB
Aspecto da reunião online das lideranças da SSB (foto por Osnilda Lima)

No último dia 15, a equipe executiva da 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB) e as lideranças multiplicadoras da SSB nos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se reuniram para avançar na reflexão sobre os caminhos a serem percorridos, avaliar os processos e pensar o Seminário Nacional de lançamento do conteúdo programático do Projeto Popular para o Brasil, em outubro deste ano.

No encontro, on-line, dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransfomadora da CNBB, lembrou que o objetivo da 6ª SSB é estimular e mobilizar pessoas de boa vontade, igrejas, movimentos populares e a sociedade brasileira para o envolvimento no processo sociopolítico do país, por meio dos Mutirões pela Vida. “Para nós é muito importante percebermos a 6ª Semana Social Brasileira como um processo de diálogo, diante dos grandes desafios que estamos enfrentando em decorrência da pandemia, no campo politico com as retiradas de direitos, tudo isso nos leva a estar nesta mobilização”, recordou o bispo.  

Dom Valdeci, também ressaltou a importância de reconhecer e valorizar as potencialidades da resistência popular das comunidades, dos movimentos, bem como a necessidade de sistematização do processo percorrido nestes 30 anos de Semanas Sociais no Brasil, para a construção do projeto popular. “Retomar esta caminhada, nesta perspectiva de como trilhar o nosso caminho até 2023, rumo ao projeto popular que todos sonhamos, e não sonhamos só, sonhamos juntos”, reforçou o bispo.

 

“A 6ª SSB se materializa nas pessoas, nos nossos corpos. Voltemos a olhar sempre para essa dinâmica, para compreendermos que a SSB não é uma entidade à parte." (Alessandra Miranda)

 

Alessandra Miranda, secretária executiva da 6ª SSB, lembrou que os Mutirões pela Vida, que em 2019 foram pensados para ocorrem de forma presencial, tiveram de ser adaptados para o formato on-line, mas que talvez agora já se possa pensar num formato híbrido, a partir de outubro. “A 6ª SSB vai entrando em um novo ciclo. A pandemia nos colocou apenas nas atividades virtuais, agora a gente começa a pensar como fazer essa transição, enquanto ação metodológica e, sobretudo, articular e mobilizar para o projeto popular”.

No decorrer do encontro foi avaliado, examinado e criticado os processos realizados até aqui, na construção da 6ª Semana Social Brasileira. “Gosto muito da autocritica, a crítica dos processos. Foram muito boas as interlocuções que conseguimos construir aqui”, enfatizou Alessandra. Ela também afirmou e se questionou: “A 6ª SSB se materializa nas pessoas, nos nossos corpos. Voltemos a olhar sempre para essa dinâmica, para compreendermos que a SSB não é uma entidade à parte.  E é esse chegar que vai dizer aonde a gente alcança, aonde a gente encanta, aonde a gente afasta. Penso, como chego com a 6ªSSB onde atuo ? Estamos incluindo, agregando ou excluindo? Estou conseguindo fazer esse envolvimento nas bases? A SSB, somos nós! Então, como articular os nossos regionais, as pastorais sociais e estabelecer o diálogo com os movimentos populares? Como fortalecer a partir do contexto, a partir dos desafios que estamos, e trazer esse debate para dentro? Como somar forças com a propostas que já estão em curso no Brasil, puxadas pelos movimentos populares, grupos? Como engrossar às fileiras em movimento e dialogar com que já está acontecendo? Estamos na fase do enraizamento”, reforçou Alessandra.

Frei Olavio Dotto, assessor da Comissão Sociotransformadora, lembra que a 6ª Semana Social Brasileira não é uma atividade a ser realizada nas dioceses, nas paróquias. Não é um evento! “Precisamos pensá-la como um grande processo de rearticulação, de fortalecimento das pastorais sociais, de profetismo da Igreja, da abertura, de diálogo com os movimentos populares. A Semana Social quer ajudar num processo de transformação social, de fortalecimento dos processos democráticos. Isso passa por um projeto popular para o Brasil”, enfatizou Dotto.

Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul Brasil, observou as mobilizações que as atividades da 6ª SSB vêm construindo nos 18 regionais da CNBB e outros espaços. De acordo com Sandra isso tem animado a ação nos territórios. Contudo, enfatiza: “Estamos entrando num momento decisivo do processo que vem sendo construído ao longo desses dois anos. Estamos num ponto de inflexão. E temos ouvido, refletido e discutido em torno das saídas políticas, dessa terrível crise que estamos vivendo no Brasil, uma crise institucional, uma crise sanitária, uma crise política, uma crise de representação, uma crise de utopias, uma crise ambiental. Estamos vivendo uma multidimensionalidade das crises”, rememorou Sandra. Ela enfatiza, ainda, ser necessário apontar um futuro, que trace esperança, que aponte saídas. “Que o seminário de outubro possa ser um pontapé inicial desse processo de discussão de aprofundar, de enraizar o projeto popular para o Brasil”, recomendou.

Em breve, as deliberações da reunião e encaminhamentos para o seminário de outubro serão compartilhados. 

 

"O cuidado da casa comum, a defesa da vida, a garantia dos direitos dos pobres e marginalizados estão no centro do Evangelho” (Francisco de Aquino Júnior)

 

6ª Semana Social Brasileira

A 6ª Semana Social Brasileira foi aprovada na 57ª Assembleia Geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2019, e se insere num processo amplo de colaboração para a transformação da sociedade com a pastorais sociais, movimentos populares, organizações sociais e igrejas.

O objetivo imediato da 6ª SSB “é sensibilizar a sociedade, mobilizar e articular forças sociais, fortalecer e multiplicar as lutas por direitos para desencadear novos processos de luta e de organização populares em torno do desafio/apelo/exigência maior de nosso tempo: ‘nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que provém do trabalho”, nota o professor e teólogo Francisco de Aquino Júnior ao lembrar o discurso do papa Francisco aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em 2014, em artigo publicado no site ssb.org.br.

Aquino lembra que a 6ª SSB “Quer despertar, renovar e dinamizar a dimensão socioestrutural da fé e da missão evangelizadora da Igreja. E faz isso convidando as igrejas, as religiões, as organizações populares e o conjunto da sociedade para um grande ‘mutirão pela vida’. Está em jogo a vida de grande parte da população, a quem é negada até as condições materiais básicas de sobrevivência: ‘terra, teto, trabalho’. Essa situação se impõe como imperativo ético-religioso maior de nosso tempo e exige um grande mutirão que articule forças sociais e fortaleça e desencadeie processos sociais em vista da garantia desses direitos que, como afirma o papa Francisco, são ‘direitos sagrados’”, relata o teólogo.

O professor enfatiza que se o direito à terra, teto e trabalho envolve e “compromete todos os seres humanos (senso ético-humanitário), envolve e deve comprometer de modo particular os crentes (fé religiosa)”. Ele lembra que no “caso concreto do cristianismo, cujo centro é o amor fraterno e cuja medida são as necessidades dos pobres e marginalizados, é algo decisivo”. Com isso, o professor ressalta que “não é estranho que a Igreja assuma a tarefa de convocar, mobilizar e articular um ‘mutirão pela vida’. O cuidado da casa comum, a defesa da vida, a garantia dos direitos dos pobres e marginalizados estão no centro do Evangelho”, enfatiza Aquino Junior.

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