Encontrar-se com Jesus é encontrar-se com o próximo

“Onde encontramos os sinais de Deus hoje? Como podemos ir ao seu encontro para adorá-lo e oferecer-lhe nossos presentes?” Essas perguntas, já bastante conhecidas de nós cristãos, foram propostas para o momento de partilha de um dos encontros da Novena de Natal da qual participei com famílias amigas no final deste ano. Lembro-me de dizer aos meus amigos que ir ao encontro de Jesus é ir ao encontro do próximo, seja ele quem for. Afinal, “tudo o que fizeres ao menor do meus é a mim que o fazes” (Mt 25,40). Penso que essa é uma mensagem inequívoca no Evangelho: nascemos para viver relações de amor concreto. Colocá-la em prática, reconheço, já são outros quinhentos.

Mas acredito que a chave para a revolução prometida pelo Evangelho passa por isso. Afinal, não é o amor a palavra que sintetiza a mensagem de Cristo? Claro que, aqui, cabe situar com clareza a que amor o Evangelho se refere. O amor evangélico – assim chamado agápico – é aquele realmente capaz de promover as transformações que a humanidade necessita para encontrar a paz, a justiça, a igualdade e a fraternidade. Esse amor, que precisa ser concreto (não é um mero sentimento, embora nasça de uma convicção interior), coloca o ser humano no cento do seu interesse.  

Por isso, por mais que lutemos por estruturas sociais, políticas e econômicas que correspondam ao projeto de Deus, nada disso será suficiente se não houver uma mudança profunda do ser humano. Apenas pessoas novas, que tomam a iniciativa de amar, são capazes de criar e manter novas estruturas. Atrevo-me a dizer que isso só acontece na medida em que no encontramos com Cristo presente no próximo, especialmente os “menores”, isto é, os mais vulneráveis. Não pode ser diferente. Afinal, como também ensina o Evangelho, “aquele que não ama a seu irmão que vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,20). Pessoas com esse coração e olhar renovados são capazes de reconhecer esse Cristo no semelhante.

 Nós da Agência de Notícias SIGINIS, desde o início de nossas atividades em junho deste ano, temos procurado pautar histórias de membros da Igreja, clérigos, leigas, leigos, jovens, pessoas de diferentes etnias, que dão testemunho desse encontro cotidiano com Cristo mediante gestos de amor concreto, especialmente àqueles “menores” da sociedade. Devo dizer que, não obstante todas as fragilidades da nossa própria Igreja, poder dar voz e espaço a essas histórias é um motivo particular de alegria e satisfação pelo trabalho jornalístico que temos realizado. Esse é um dos presentes que temos procurado oferecer ao Jesus que está em cada pessoa que nos lê, compartilha ou mesmo reproduz parcial ou totalmente nossas matérias e artigos.

 Vale dizer que, hoje, nós cristãos somos a referência e o canal pelo qual aqueles que ainda não encontraram o Cristo, tenham essa possibilidade. Certamente, há quem se encantem com as nossas palavras, mas o que de fato atrai as pessoas e as fazem reconhecer o significado da pessoa de Jesus em suas vidas são os fatos, frutos de gestos concretos. Isso, a propósito, corresponde a uma das exigências mais fundamentais do bom jornalismo que procuramos cumprir: ir aos fatos.

Assim, em nome da equipe da Agência SIGNIS, meus votos são de que todos (re)encontremos o Cristo – e tudo o que isso é capaz de significar e mudar de bom em nossas vidas – nos gestos amorosos de quem “dá a vida pelo irmão”, desde as pequenas atitudes. Aliás, só é fiel às grandes coisas, quem for fiel às pequenas, conforme ensina o evangelista Lucas (16, 10). Por isso, sempre penso que, diante de Deus, tanto faz lavar a louça como fazer uma reportagem especial. O que conta é “como”, com qual intenção fazemos.

Enfim, que neste Natal e a partir dele, redescubramos o valor do encontro com Cristo cotidiano, repito, em especial com aqueles que mais necessitam.  Um abraço a todos e um Santo Natal!!