Uma pausa nas redes sociais para a vivência cristã

Na última segunda-feira, 4 de outubro, o mundo parou com a queda do WhatsApp, Facebook e Instagram por algumas horas. As referidas redes pertencem ao jovem Mark Zuckerberg, a sexta pessoa mais rica do mundo segundo a Forbes, que perdeu quase US$ 6 bilhões durante o apagão das plataformas. Todas as pessoas que são conectadas à internet sofreram, em maior ou menor escala, os impactos deste hiato. O fato acende um alerta: a nossa vida é monopolizada por uma única empresa e quando ela cai, todos se desesperam. Contudo, é preciso ir além do fato. Mesmo com outros aplicativos de interação, muitas pessoas puderam redescobrir outras utilidades do seu telefone, como fazer uma ligação. Sim! Os smartphones cada vez mais arrojados ainda se prestam à boa e velha ligação. Este formato de comunicação nunca caduca e precisa ser redescoberto. Providencialmente, a queda das redes aconteceu no dia de São Francisco, patrono da ecologia, dos animais e inspirador da fraternidade universal.
Cada vez que olhamos para o pequeno de Assis, percebemos que a graça de Deus o tornou grande. Pelo caminho da simplicidade e da pobreza, tornou-se e é, ainda hoje, inspiração para os comunicadores. Na comunicação franciscana, a disponibilidade do outro para a recepção da mensagem é algo muito importante, talvez mais que a própria emissão da mensagem.
Está aí um exemplo que precisamos recuperar: não apenas a disponibilidade do outro, mas a disponibilidade para o outro. A velocidade da comunicação e as múltiplas ferramentas, por vezes, tornam a comunicação fria e mecânica. Pare por um instante e pense quantas vezes você já ficou distraído respondendo alguma mensagem no celular enquanto alguém conversava com você. E, na sequência, você teve que pedir à pessoa para repetir, porque você não estava prestando atenção. Na evangelização franciscana, era preciso tocar o outro pela força dos gestos e das palavras e não apenas pela força física, como era característico no período medieval.
O principal código da comunicação de Francisco de Assis era o amor, que também se convertia em linguagem... o amor é a forma mais plena da comunicação. Ele nos inspira à uma comunicação não-violenta e que, mesmo quando houver alguma ocasião de conflito, devemos ser submissos a toda criatura humana por causa de Deus. Recomendando aos seus frades quando saíam em missão, dizia que "quando virem que agrada a Deus, anunciem a palavra de Deus". Ainda é dele a inspiração: "pregue o Evangelho o tempo todo, se necessário use palavras."
Para além das reclamações e murmúrios de algumas horas desconectados de algumas plataformas de comunicação, lembremos daquela primordial forma de comunicação. Não sejamos reféns de algo tão frágil. Que esses hiatos nos ajudem a fortalecer a nossa vivência cristã e os vínculos de fraternidade.

Marcus Tullius
Mestrando em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-Minas). Filósofo e publicitário. Coordenador geral da Pascom Brasil e membro do Grupo de Reflexão em Comunicação da CNBB. É autor do livro Esperançar: a missão do agente da Pastoral da Comunicação, pela Editora Paulus.
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