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São Pedro e São Paulo (29 de junho)

Há 2 anos
São Pedro e São Paulo (29 de junho)

A liturgia sempre reuniu os dois apóstolos numa só solenidade por considerá-los fundadores da Igreja de Roma. De fato, eles são os pilares da Igreja Primitiva.. Ambos sofreram o martírio na perseguição de Nero e representam um símbolo visível, tão necessário dos dias de hoje, da colegialidade do episcopado da Igreja.

São Pedro está presente em todos os momentos decisivos da vida pública de Jesus narrada nos evangelhos e por Ele sempre foi posto em evidência entre os apóstolos. Muito há o que dizer sobre ele e torna-se difícil fazer um resumo, em vista da importância de suas intervenções, mas dentre as mais conclusivas temos o momento, em Cesaréia de Filipe, quando Jesus o define como futuro vigário da Igreja: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra estará ligado no céu, e o que você desligar na terra estará desligado no céu”. (Mt 16,18-19) e quando após a Ressurreição, à beira do lago de Genesaré, após responder por três vezes a Jesus que o ama, ouve d’Ele: “Cuide de minhas ovelhas” (Jo 21,15ss). Neste instante, ele recebia do Ressuscitado o primado, a investidura oficial para ser o Vigário de Cristo, Pastor Supremo no único rebanho do Mestre.
Os primeiros dez capítulos dos Atos dos Apóstolos narram a atuação marcante de Pedro na condução da Igreja que nascia, ficando evidente sua ascendência sobre o colégio dos apóstolos. Desde a primeira reunião da comunidade, em Jerusalém, com aproximadamente cento e vinte pessoas, descrita no capítulo primeiro do livro, é Pedro quem toma a palavra e dirige a escolha daquele que deveria substituir o traidor no grupo dos doze, sendo Matias o sorteado para a missão. No dia de Pentecoste, é Pedro quem discursa em Jerusalém à grande multidão, apresentando o anúncio fundamental, que culmina com a conversão e adesão de cerca de três mil pessoas (At 2,14ss). No capítulo três, Pedro cura um coxo de nascença e faz um convincente discurso catequético. Do capítulo quarto em diante, são narrados os inevitáveis confrontos com as autoridades de Israel e a primeira prisão de Pedro, acompanhado por João e seus destemidos discursos que agregavam, cada vez mais, pessoas à comunidade. Pedro percorria todos os lugares (At 9,32ss), realizando milagres, anunciando, convertendo, batizando judeus e não judeus. Foi ele quem convocou e coordenou o primeiro concílio dos apóstolos, que definiu pela desobrigação dos não judeus de serem circuncidados.
Pedro escreveu-nos duas epístolas e a tradição atesta que de Jerusalém foi para a Antioquia, dirigindo aquela igreja por sete anos e depois dirigiu-se para Roma, onde permaneceu até a morte, em 29 de junho de 67, crucificado de cabeça para baixo, a seu pedido. Seu corpo foi sepultado onde depois foi erguida a Basílica Vaticana.

São Paulo apóstolo, em uma ordem cronológica, é o último a receber o chamado ao apostolado, diretamente de Jesus Cristo e isso se deu após a Ressurreição do Senhor, como ele mesmo descreve em (1 Cor 15,8-9) “Em último lugar apareceu a mim, que sou um aborto. De fato eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus”. Disse assim porque os apóstolos eram testemunhas da ressurreição de Jesus, inclusive, para a escolha do substituto de Judas, a condição era de que deveria ser alguém que fosse testemunha da ressurreição do Senhor Jesus (At 1,21) mas ele explica que foi diretamente chamado por Jesus Ressuscitado e se identifica como tal em suas cartas: “Eu, Paulo, sou apóstolo de Jesus Cristo (Ef 1,1); “Paulo, apóstolo...de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos” (Gal 1,1), e ainda: ”Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo e escolhido para anunciar o Evangelho de Deus” (Rom 1,1). Todavia, apesar disso, ele não foi menos importante ou menos dedicado que os demais. “ Mas aquilo que sou, eu devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário: trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1 Cor 15,10).
Paulo, cuja segunda parte dos Atos dos Apóstolos é toda voltada pra relatar sua vida, atos e fatos relacionados à sua ação apostólica, após sua conversão, permaneceu pouco tempo dentre os judeus pregando o Evangelho. Tem consciência de ter sido destinado a levar a Palavra de Deus aos pagãos, pois, em Cristo, o Pai chama todos à salvação. Por esta razão, lança-se, como citado anteriormente, destemida e incansavelmente, até o fim de sua vida, à evangelização dos gentios. Fundou diversas comunidades em suas quatro viagens apostólicas, descritas nos Atos dos Apóstolos. A primeira delas, nos capítulos 13 e 14, ocorre entre os anos 46 e 48, na companhia de Barnabé e Marcos, indo até Derbe, na Ásia, com grande êxito nas pregações e formação de igrejas locais, mas também com enormes tribulações, como em Listra, onde Paulo foi apedrejado até ser considerado morto e jogado pra fora da cidade. A segunda viagem foi entre os anos 49 e 52, dessa vez na companhia de Timóteo e Lucas, narrada nos capítulos 15 a 18, passando novamente pela Ásia Menor, indo até a Macedônia, sendo que em Filipos, Paulo e Silas foram acusados de perturbadores da ordem, tiveram suas roupas arrancadas, foram flagelados e depois de muitos golpes, lançados na prisão, com correntes aos pés (At 16, 22-24). Depois de libertados, seguiram para a Tessalônica, e retornaram a Jerusalém, passando por Atenas, Corinto e Éfeso, onde conseguiram muitos adeptos e formaram comunidades. A terceira viagem se deu entre os anos 53 e 57, conforme escrito nos capítulos 18 a 21. Dessa vez, ele se dirigiu à Ásia menor e à Grécia, permanecendo em Éfeso por quase três anos.
Entre os anos 57 e 58 Paulo oi preso em Jerusalém, quando ele levou um não judeu ao Templo. Apelou ao Tribunal do Imperador, por ser cidadão romano e foi transferido por volta do ano 60 para Roma, onde viveu com relativa liberdade. Sendo solto por volta do ano 63, por falta de provas, empreendeu sua quarta viagem missionária, indo até as fronteiras do Ocidente, provavelmente até a Espanha. Retornando a Roma, no ano 67, é preso novamente e executado por degolamento.
São Pedro e São Paulo, roguem por nós!

Sobre o autor

Raul Ribas

Pós-graduado em Teologia pela Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (MS), membro do Movimento dos Focolares e um entusiasta pesquisador e divulgador da vida dos santos.